A artista pernambucana Ana das Carrancas (in memorian) recebe nesta terça-feira (13) o título Doutora Honoris Causa, ou seja, a maior honraria concedida por universidades brasileiras a pessoas consideradas eminentes. A solenidade ocorrerá a partir das 9h na abertura do “1º Simpósio sobre Questão Racial: por que a reparação à população negra continua necessária?” no Cineteatro, Campus Sede da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina (PE).
A honraria foi aprovada pelo Conselho Universitário (Conuni) em setembro de 2024 após análise de vários pareceres sobre a artista. Concedido pela instituição de ensino, entregue para suas filhas Maria da Cruz e Ângela Lima, que mantêm o legado da mãe, a Dama de Barro, que eternizou sua arte em barro, especialmente com figuras de carrancas.
Segundo Ângela Lima, esse prêmio é o ápice da carreira de sua mãe “Uma mulher negra e sertaneja que sofreu os estragos da seca com os pais, tiveram que migrar de Santa Filomena, no Sertão de Pernambuco para o Piauí, até anos depois desembarcar em Petrolina, onde tudo começa”, para sua outra filha, Maria da Cruz, o título é um marco no legado da sua mãe e também se estende ao seu pai “A nossa arte é herança do que ela fez, tem um grande valor, não foi uma trajetória fácil, ela aprendeu e se desenvolveu sozinha no mundo, deixou sua marca que era o grande sonho dela, nosso pai José Vicente era cego e preparava diariamente o barro com os pés e mãos para ela trabalhar”, acrescentou.
A cerimônia contará ainda com a participação do reitor da Univasf, Télio Nobre Leite, e do professor do Colegiado de Zootecnia Rafael Torres, representando a Seção Sindical dos Docentes da Univasf (Sindunivasf), proponente da homenagem.
Sobre a artista:
Ana Leopoldina dos Santos, aprendeu com a mãe, ainda na infância, a arte de moldar o barro. Seu reconhecimento se estende do Sertão ao Litoral. Faleceu em 1º de outubro de 2008, foi uma renomada ceramista, escultora e louceira. Era casada com o piauiense José Vicente Barros, que era cego, e faleceu dois anos depois da morte dela, após viuvez ainda jovem.
A outorga do título de Doutora Honoris Causa será certificada por diploma, é uma das diversas homenagens e premiações locais e nacionais. O título de Cidadã Petrolinense foi em 2000 concedido pela Câmara Municipal de Petrolina, mesmo ano em que realizou seu sonho do próprio Ateliê Ana das Carrancas. Recebeu também o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, do Governo do Estado, em 2005. No ano seguinte, foi condecorada pelo Governo Federal e auferiu a Comenda de Ordem ao Mérito Cultural das mãos do presidente Lula. Em 2023, ano de seu centenário, foi homenageada com uma série de atividades acadêmicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Por Amy Ferreira, estagiária de jornalismo.