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O cantor e compositor Cazuza (1958-1990) é celebrado em dois novos livros que trazem material inédito do autor de “Exagerado”. Os fãs devem dar graças a Lucinha Araújo, mãe do artista, que guardou e agora disponibilizou fotos, escritos, objetos pessoais, letras de música e todo tipo de registros do filho desde a infância.
“Meu Lance É Poesia”, organizado por Ramon Nunes Mello, reúne 238 poemas, sendo 27 inéditos, escritos por Cazuza entre 1975 e 89. Os versos foram encontrados em uma pasta do produtor musical Ezequiel Neves (1935-2010), amigo e espécie de conselheiro e protetor de Cazuza, que foi entregue a Lucinha quando ele morreu.
“Os poemas que mais me impressionam são os de versos longos e com experimentação da linguagem poética, como Work in Progress e Cineac Trianon, ou ainda a beleza de Entre Livros, sobre a paixão por uma leitora, numa biblioteca. Cazuza, antes de poeta, era um grande leitor”, diz Ramon.
Além disso, um dos “novos” poemas, “Tamanho da Vida”, foi musicado pelo Barão Vermelho, a banda em que Cazuza iniciou a carreira como vocalista e letrista.
Já a fotobiografia “Protegi Teu Nome por Amor” traz 700 imagens que revelam a formação de Cazuza, que passa pela fotografia, artes visuais e teatro, além da música e da poesia.
Os registros mostram o início do relacionamento dos pais do cantor, Lucinha e João Araújo, fundador da gravadora Som Livre; a infância em Vassouras e no Rio; a busca pela poesia ainda na pré-adolescência, por incentivo da avó materna; os estudos de fotografia e artes visuais que fez nos Estados Unidos; a paixão pelo teatro com a trupe de Perfeito Fortuna no Parque Lage e no Circo Voador; o sucesso com a banda Barão Vermelho e em sua carreira solo; e a luta contra a aids. Cazuza deixou o Barão Vermelho em 1985 e morreu cinco anos depois, em 7 de julho de 1990, aos 32 anos, de complicações da AIDS.
Além das imagens que trazem muitas histórias, o livro reúne depoimentos dos principais amigos e parceiros de Cazuza: Waly Salomão, Caetano Veloso, Patricia Casé, Marina Lima, entre outros. Gilberto Gil assina o prefácio do livro e o texto da quarta capa é de Pedro Bial, amigo de infância de Cazuza.
“Sempre quis fazer esse livro. Há quase 20 anos, lancei uma obra com as letras e as canções de Cazuza, mas queria uma coisa mais completa porque tenho 88 anos. A minha cabeça está muito boa, mas não sei mais por quanto tempo vou viver. Então, eu queria deixar um testamento para o Brasil”, diz Lucinha Araújo.